Podcast: Hekate e o Vegetarianismo: A Espiritualidade e os Animais

Neste episódio falo sobre a relação de Hekate com o Vegetarianismo. Conto as minhas experiências pessoais com o vegetarianismo e Hekate e também conto a parte histórica de devotos de Hekate que eram vegetarianos e contra o sacrifício de animais, como Empédocles, Hesíodo e Porfírio. Correção: Empédocles não é autor de Root-Cutters, mas sim seguidor dessa tradição.


Principal referência:
- Livro "Hekate Liminal Rites" por Sorita d'Este e David Rankine (2009)
Capítulo 2: In Her Service
Seção: Hekate's Vegetarian Followers

Referência secundária:
- Livro "Eating and Believing" por David Grumett e Rachel Muers (fala sobre a relação do vegetarianismo e a espiritualidade em geral, não só no paganismo, mas também no cristianismo e outras vertentes)

Personagens históricos citados:
- Gregos: Empédocles, Hesíodo e Porfírio
- Romanos: Seneca e Ovídio

Referências sobre Empédocles:
- Pertencia a tradição de "Root Cutters" (Rhizotomoi) ou magos herbalistas
- Autor de "Katharmoi" (Purificações)
- Livro "Empedocles: The Extant Fragments" por M. R. Wright

Referências sobre Hesíodo:
- Autor da "Teogonia" e "Os Trabalhos e os Dias"
- Era Dourada: A primeira raça de humanos, era muito próxima aos deuses, tinham dieta vegetariana
- Humanos passaram a comer carne à partir do mito de Prometeu

Referências sobre Porfírio:
- Aluno de Plotino e Plutarco, ambos vegetarianos
- Tinha influências dos Oráculos Caldeus, texto que cita Hekate como Alma Cósmica
- Autor de "Da abstinência de comer alimento de animais"

Saiba mais - Episódios relacionados:

Recomendações de canais e documentários sobre vegetarianismo e veganismo:
- Canal Fabio Chaves (informações sobre vegetarianismo e veganismo)
- Canal Larica Vegana (receitas)
- Canal Vegan & Colors (vida saudável vegana, receitas)
- Canal Flávio Giusti - Vegetarirango (opções de substituir a carne em receitas)
- Documentário Terráqueos (YouTube)
- Documentários Cowspiracy e Seaspiracy (Netflix)

Trechos do artigo "Justificativas para o Vegetarianismo em Porfírio de Tiro" por Loraine Oliveira:

"Ao explicar os exercícios espirituais da filosofia antiga, Pierre Hadot menciona dois exercícios da tradição platônica: “por um lado, afastar o pensamento de tudo que é mortal e carnal, por outro, voltar-se para a atividade do Intelecto”. Para Porfírio, o vegetarianismo consiste em uma prática ascética que parece concretizar, na vida humana, o primeiro desses aspectos dos exercícios, a preparando para o segundo. Hadot nota que Porfírio sintetiza bem a tradição destes exercícios, reiterando que a contemplação não consiste somente em ensinamentos abstratos, mas é preciso que tais ensinamentos tornem-se práticas quotidianas."

"Dois motivos fortes justificam esta abstinência. Um objetivo: não matar os animais, que são seres dotados de sensibilidade e de certa racionalidade e, por conseguinte, participam da Alma universal. Outro, subjetivo: assumir um modo de vida sóbrio e temperante, no qual a alma busque libertar-se do corpo e das emoções, para atingir a contemplação do inteligível e assimilar-se ao divino. Em outros termos, o escopo é purificar a alma e os pensamentos, buscando assim a contemplação."

"O sacrifício deixa de ser sagrado quando se usurpa um bem alheio; ora, a alma é o bem mais precioso dos animais. Logo, ao separá-los da alma, com a morte, o mal imputado a eles acaba sendo maior que o bem ofertado aos deuses. Deste modo, no capítulo 24, ao retomar a questão, Porfírio assevera que não se deve sacrificar animais para obter benefícios, porque não é possível receber um benefício com uma ação injusta."

"O sábio, modelo que é almejado pela vida filosófica, busca assemelhar-se ao divino, mas exatamente por isso, ele deve conhecer a si mesmo e compreender o quão ímpio e injusto é matar e comer um animal. O filósofo entende que o animal não humano e o homem pertencem a uma mesma família, e portanto partilham do mesmo direito à vida. Porfírio compreende, de certo modo, que ser um humano justo significa reconhecer no animal um ser digno de respeito, cuja morte não deve ser perpetrada para satisfazer aos luxos do estômago, nem aos rituais cívico-religiosos."